Madonna de Sodoma,
dona de Manhattan
London, Lesbos,
pública pubis pulsante:
sem gozo, função ou nexo,
exploro ágil meu sexo.
Além dos princípios,
além das trapaças, eu amo:
os orifícios e as máscaras.
Quase tudo que me assusta,
o artifício ultrapassa:
a dor, a melancolia,
o amor, a morte vazia.
O mundo, a mídia, o medo,
o falo, a língua, o dedo,
sigo sugando devassa.
Eu me adoro, eu me basto,
eu me cozinho e como.
Fiz do meu tédio meu trono.
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Ledusha: “Esse poema pouquíssimos conhecem, escrevi para a revista The Journal, do Claudio Schleder, nos anos 90, quando a Madonna lançou o livro de fotos SEX”.
Ledusha Spinardi nasceu em Assis (SP), em 1953. Poeta e tradutora, publicou os livros Risco no disco, Finesse & fissura, 40 graus, Exercícios de levitação e Notícias da ilha.