Em meados dos anos 90, quando preparava “Terra”, Sebastião Salgado procurou Saramago, e lhe pediu o texto que seria o prefácio do livro.
“Sentámo-nos ao redor da mesa da cozinha, fomos passando as fotografias de mão em mão, quase em silêncio, com um nó na garganta e os olhos afogados. Sebastião Salgado veio aqui para me pedir que escreva umas páginas para o livro. Assim farei, embora de antemão saiba que, diante do que acabei de ver, todas as palavras sobram, todas são de mais. Ou de menos”.
Lembra Saramago.
Nessa época, o fotógrafo brasileiro viajou até Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde Saramago vivia, e fez esse retrato.
“Quando propus a participação dele no livro, foi muito mais que a introdução. Foi uma ação que a gente fez em conjunto, um manifesto”, lembrou Sebastião Salgado, naquele 18 de junho de 2010, O dia da morte de José Saramago. “[Saramago] sempre foi um militante, um homem de esquerda, comprometido com todas as causas sociais, principalmente de Portugal e do Brasil.”

