Olhares sobre a Covid-19, Marco Zero: Inglaterra, por Camila Pastorelli

Conteúdo apoiado pelo Itaú Cultural

A fotógrafa Camila Pastorelli mudou-se há cerca de três meses para Londres. Ela chegou no dia 15 de março. O lockdown foi anunciado pelo primeiro-ministro inglês no dia 23 de março. “Mudar para cá foi uma decisão de vários meses já. Vim para fazer um projeto com um fotógrafo britânico com quem já trabalho há alguns anos”, conta.

“Um dia antes de pegar o avião para cá, a gente se falou e ele comentou que estava ficando sério no Reino Unido, se eu tinha certeza de que queria me mudar nesse momento”, lembra. “Mas eu não tinha muito mais escolha, pois já havia saído do meu emprego na época, alugado meu apartamento em São Paulo e vendido várias coisas. Era ir ou ir”, avalia Camila.

Ela conta que sentiu medo ao chegar, pelas notícias nos jornais do mundo todo, e, como não estava saindo de casa, não tinha uma perspectiva muito clara do que estava acontecendo. Com a quarentena, Camila iniciou um projeto no qual fotografa seus vizinhos a 2 metros de distância. “Para mim foi uma ótima desculpa para poder fotografar e conhecer pessoas em um período em que imaginei que não conseguiria fazer nada disso.”

“Com a covid-19, tenho a impressão de que os vizinhos estão mais abertos a conversar, já que todos temos muito mais tempo ficando em casa. No entorno de onde moro há uma praça, e sempre encontro vizinhos e puxamos papo”, explica. “Muitos me disseram que isso não é um comportamento comum dos britânicos com pessoas que eles não conhecem. Então, para quem acabou de se mudar para cá, foi um momento curiosamente de mais abertura para interagir com as pessoas.”

Camila observa que, se comparar a cultura brasileira com a inglesa, em geral, os ingleses são um pouco mais fechados para com quem eles não conhecem. Mas, depois do primeiro contato com o retrato, eles se sentiram mais à vontade para cumprimentar na rua, para puxar papo. “Mais de uma pessoa já me disse isso aqui, que, apesar da situação trágica da pandemia, as pessoas estão falando mais umas com as outras”, relata. “Muitos comentam que adoraram poder conhecer mais dos seus vizinhos. Muitos moram no mesmo lugar há mais de dez anos e nunca haviam tido uma relação além do bom-dia com eles.”
Além disso, as pessoas querem poder falar com alguém sobre o momento que estamos vivendo.
Em abril, em Londres, a situação começou a parecer mais sob controle, mas, para Camila, a preocupação com a família no Brasil era grande. “Ainda mais com as notícias que lemos nos jornais brasileiros. É realmente preocupante”, reforça.

“Minha irmã é médica geriatra em São Paulo, o que me adiciona uma dose extra de preocupação. Tento falar com mais frequência com meus pais, que moram no interior, e mandar uns agradinhos por delivery a minha irmã em São Paulo, para dar um apoio emocional mesmo de longe. Almoçar em família por videochamada virou uma nova realidade mesmo”, observa.

Akua Rugg, 74 years old, Retired teacher who worked in a Further Education College teaching English language skills to adults -both native and non native English speakers.
Stephanie Bird, professor of German Studies and John Martin, Professor of Cardiovascular Medicine.
Daniel Shell, 50 years old, world class bartender now working in the non alcoholic spirits market. Kate Ingram, 38 years old, musician.

Publicado no dia 19/06/2020, no site do Itaú Cultural:
https://www.itaucultural.org.br/secoes/fotografia/olhares-sobre-covid-marco-zero-inglaterra

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