Carla Diacov escreve um poema para uma foto de Nan Goldin

Rising Little Mountain

uma palavra assim
bafejada
uma criança muda
acelerada

dilata
sua barriga sob a minha sopra
coisas sobre o cheiro forte dos coelhos
molhados na palha reclama o edifício crescente o edifício
sob nossa massa sob nossa morte uma
sentença assim sob nossa câimbra um
inseto acelerado em rota de brilho com
o capricho próprio esôfago e esôfago
deles umas comezinhas flexões cimbra um osso falho debaixo do meu
assoalho amontoa seu sal nos meus ombros uma sequela assim uma semente
acelerada só um beijo uma só morte só uma canção coelhos assim
molhados dores do crescimento
existências e adjetivos acelerados
toda toda a palha
longe
bem longe do cão dos diabos

Nan

 

Carla Diacov, São Bernardo do Campo, 1975. Escreveu Amanhã Alguém Morre no Samba (Douda Correria, 2015/Edições Macondo, 2018), bater bater no yuri (livro on-line pela Enfermaria 6, 2017), A Menstruação de Valter Hugo Mãe (Casa Mãe, Portugal, 2017/Edições Macondo, 2020), A Munição Compro Depois (a sair pela Cozinha Experimental, 2018).

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