“Vivemos em um mundo feito pela ciência. Mas nós – os milhões de leigos – não compreendemos ou apreciamos [admiramos] o conhecimento que controla a vida cotidiana”.
Berenice Abbott, Photography and Science, Nova York, 24 de Abril 24 de 1939
Depois de explorar as possibilidades da fotografia de retrato em Paris e documentar o processo de modernização da cidade de Nova York, Berenice Abbott (1898 – 1991) decidiu dedicar-se à fotografia científica.
“Acho que esta fase da minha carreira [da fotografia documental] se encerrou com a publicação de Changing New York “, escreve, em um manifesto publicado em 1939 (Photography and Science).
Berenice via a entrada nesse novo campo como uma evolução lógica de sua experiência anterior como fotógrafa:
“O problema de documentar a ciência é apresentar sua matéria realista com a mesma integridade com a qual se retrata a morfologia cultural de nossa civilização, e ainda assim dotar de poesia esse material, tão estranho e desconhecido”.
Para ela, a tarefa de fotografar temas científicos e dotá-los de apelo popular e correção científica, ainda não havia sido dominada. Faltava um intérprete amigável entre a ciência e o leigo. E este porta-voz seria a fotografia.
“A fotografia é a arte de nosso tempo. O meio mecânico e científico sintonizado o ritmo e as características de nossa época “, defende em seu texto a fotógrafa americana, lembrando que, através da história, o artista tem sido porta-voz e guardião das ideias humanas.
“A ciência hoje precisa de uma voz. Precisa falar com as pessoas em termos que elas entenderão. E elas podem entender perfeitamente a fotografia”, diz. “Para mim, essa função da fotografia parece extraordinariamente urgente e excitante”.
Nos anos seguintes, dedicou-se à fotografia científica, registrando fenômenos elétricos e magnéticos, documentando a ciência.
Berenice, que nasceu no estado de Ohio e largou a faculdade de jornalismo e a cidade natal para se aventurar em Nova York, embarcando alguns anos depois para Paris, onde trabalhou como assistente de Man Ray e posteriormente reuniu, catalogou e publicou a obra de Eugène Atget, morreu em 1991, aos 93 anos. “Sou fascinada com este século”, ela disse uma vez, “Estarei aqui até o último minuto”.
Cassiano Viana (@vianacassiano) é editor do site About Light
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