Pesquisando para um artigo sobre fotografia no Japão, esbarro nas fotos de Shomei Tomatsu (1930–2012).
E imediatamente lembro Barthes que, em A câmara clara, compara a fotografia japonesa ao haiku:
“Artifício da linguagem: diz-se revelar uma foto, mas aquilo que a ação química releva é o irrevelável, uma essência (de ferida), aquilo que não pode transformar-se mas apenas repetir-se sob a forma de insistência (do olhar insistente). Isto aproxima a Fotografia (certas fotografias) do Haiku, porque a noção de um haiku é também irrevelável. Tudo é dado, sem provocar o desejo nem sequer a possibilidade de uma expansão retórica”.
E desloco, para esse texto, algo da pesquisa que estava anotado e que faz sentido estar aqui: ali por 1932 é criada a primeira publicação japonesa sobre fotografia: a revista Kôga – nome formado a partir dos ideogramas luz (ko) e desenhar (ga).
Entre os fundadores da Kôga está um dos primeiros grandes mestres da fotografia japonesa: Ihei Kimura.
Os japoneses abandonavam, já naquele momento, a ideia de reprodução do real (shashin, sha = reprodução + shin= real) na fotografia.
Cassiano Viana (@vianacassiano) é editor do site About Light
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