“A poesia veio chegando aos poucos, ao longo dos anos e dos livros. Mas não acho mandatório se perceber poeta para ser, o importante é fazer poesia até que um dia é inevitável vestir a carapuça e a fantasia completa de poeta.
Hoje pra mim ser poeta é estar viva e atenta a vida, é uma forma de pensar a existência com esse elemento que nos define como humanos; a linguagem.
Décio Pignatari diz que a poesia não conclui, e acredito que por isso a poesia muitas vezes se distancia da própria literatura. Borges diz que os enigmas são mais interessantes do que as respostas e a poesia vem daí, do enigma, do indefinido, do indefinível. Octavio Paz diz que a poesia nos ajuda e enfrentar o desconhecido. O poeta é de certa forma um explorador da língua, das letras, da vida. Todos somos poetas de certa forma.
Os poetas concretas paulistas (Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari) e Leminski são sem dúvida influências importantes pra mim, principalmente por expandirem o campo da poesia, mas também sou fascinada por Emily Dickson, Drummond, Cabral, G. Rosa, Lispector, Cortazar, Rilke, Zymbroska …e tantos outros.
O processo criativo é uma construção diária, é uma atenção diária a vida e seus mínimos detalhes. No meu trabalho com poema-objeto isso fica ainda mais claro porque às vezes parece que descubro uma coisa que já estava ali, era só soprar a poeira e deixar aquilo se revelar…como o LIE dentro do BELIEVE ou o ADEUS dentro de SAUDADESAUDADES ou ainda como o a frase circular -se perder para se achar para – em loop em volta da bússola.
No centro desse labirinto quem habita é a linguagem com toda a sua pluralidade, ou talvez ela seja o próprio labirinto”.