lou, teus seios eriçados
atravessam os séculos
e esses dois homens ao seu lado
te olham devotos
te devoram ávidos
contra toda norma você
antídoto para a moral, lou,
vocês libertos
mesmo do amor, essa invenção burguesa
mordendo a língua
como nietzsche
quase um menino, como ree
lou, felina vadia
de travestir-se eventualmente em loba
ganir nua diante do grande vazio
escapar do que tolhe por acaso
escapar forçosamente do que oprime
lou,por essa trilha já aberta
pouca e incipiente
caminho e cambaleio, bêbada como um gambá
possível que dalgum conhaque
caminho na rebarba da tua liberdade
e te escrevo, defunta, pra dizer
que querer o percalço e a falha
na ausência de algo mais vistoso
tem sido, também
minha força e guerrilha
Lou Salomé, Paul Rée e Nietzsche, em 1882.
/
Liv Lagerblad é poeta e artista plástica.