Nada ou muito pouco sabiam sobre aquele homem que fotografava ruas vazias e que passava a maior parte do tempo percorrendo os ateliês, com suas fotos, desfazendo-se delas por uma ninharia.
Foi Berenice Abbott – que muito sabia –, quem recolheu essas fotos, uma obra de mais de cinco mil imagens. Ela o chamava de Balzac com uma câmera.
Walter Benjamin dizia que suas fotos parisienses eram de fato as precursoras da fotografia surrealista, a vanguarda do único destacamento verdadeiramente expressivo que o Surrealismo conseguiu pôr em marcha:
“Ele foi o primeiro a desinfetar a atmosfera sufocante difundida pela fotografia convencional, especializada em retratos, da época da decadência. Ele purifica essa atmosfera, ou mesmo a liquida: começa a libertar o objeto da sua aura, o mérito mais incontestável da moderna escola fotográfica “, escreve Benjamin.
“Ele atingiu o polo da suprema maestria, mas na amarga modéstia de um grande artista que sempre viveu na sombra “:
Lichbilder, Camille Recht, texto citado por Walter Benjamin, em Pequena história da fotografia.
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Cassiano Viana (@vianacassiano) é editor do site About Light
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