Tenho 28 anos. Sou de Diamantina, interior de Minas Gerais. A fotografia surgiu na minha vida através do cinema, apresentado pelo meu pai. Lembro de viajar com ele até Belo Horizonte para irmos ao cinema, como quem vai até a esquina comprar cigarros. Ali pelos meus oito, doze anos de idade, fazíamos essas viagens porque não havia mais cinema na minha cidade.
Cresci vendo tudo enquadrado, mas sem saber como canalizar aquilo, até que aos treze ganhei minha primeira câmera fotográfica, uma digital da Polaroid, que sempre puxava para o ciano. Era como reencontrar um amor de vidas passadas. Ela era péssima, mas eu fazia milagres com ela.
Resolvi que seria fotojornalista, fotógrafa de guerra, dar voz aos que não tem. No início, detestava o tratamento de imagem, achava que fotografia tinha que ser purista, ser fiel ao que aparecia no visor.
Com o passar dos anos, deixei que todos esses meus conceitos falidos fossem desfeitos e conheci artistas como Duane Michals, Sophie Calle, Francesa Woodman, Diane Arbus etc. Naqueles trabalhos eu me encontrei, encontrei ali toda a minha estranheza, toda a minha vontade de transformar o mundo, criar um mundo só meu, que só sabe se mostrar através de imagens.
Sou imensamente grata a todas as minhas referências, e o quanto elas fizeram as coisas florescerem dentro de mim.
Comecei a me impor como artista, eu sofria, eu ainda sofro muito e morro todos os dias. A fotografia me salva de mim mesma toda vez que o sapato aperta meus calos. Cada foto que faço é como um parto, e quanto mais eu sofro, é quando mais eu crio. Faço da dor, arte. E acredito que seja o preço que tenho que pagar.
"Você será artista mas pra criar é preciso doer, é preciso latejar o corpo e sentir além. "
Eu sinto muito por sentir demais, mas eu não seria ninguém se não nascesse com as costuras pelo avesso.
Maria Isabel Oliveira (https://cargocollective.com/mariaisabel)
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