Quando Bruno Barbey voltou a Paris, após uma longa jornada pelo Japão e sudeste da Ásia – quando percorreu o Camboja, as ilhas Filipinas, a Malásia e o Vietnã –, era o início da primavera de 1968.
Ele tinha 25 anos e chegou na hora certa: o levante estudantil estava prestes a eclodir.
São dele as imagens mais conhecidas dos manifestantes atirando paus e pedras nos policiais franceses, em pleno Boulevard Saint-Germain, da ocupação do pátio da Sorbonne, das reuniões no Instituto de Ciências Políticas e do caos na rue Gay-Lussac, no Quartier Latin.
Barbey não foi o único a documentar o maio francês, outros estavam lá, Marc Riboud, Guy Le Querrec, Martine Franck, Raymond Depardon, Philippe Gras, e, obviamente, Henri Cartier-Bresson.
Em um texto para o jornal The Guardian, Barbey lembra que enquanto uma parte do mundo protestava contra a Guerra do Vietnã, em Paris, era diferente.
” Havia um desejo de mudar a sociedade”, afirma. “Nunca fui um militante, mas passei a simpatizar com os ideais políticos da época, sobretudo após testemunhar o quão violenta a polícia francesa podia ser”, diz, recordando o fato de ter presenciado uma mulher grávida ser espancada por um policial.
Ele lembra o papel fundamental da revista Paris Match, que publicou as imagens da violência policial contra manifestantes e fotógrafos.
“Por outro lado, infelizmente, as fotografias passaram a ser usadas pela polícia para identificar quem estava envolvido nos protestos, e essas pessoas eram presas em seguida”.
O mesmo que acontecia durante a Primavera de Praga, algo que foi refletido na obra A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, sobretudo na sequência em que Tereza /Juliette Binoche documenta a chegada dos tanques e a resistência, no filme de Philip Kaufman.
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Cassiano Viana (@vianacassiano) é editor do site About Light.
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