Para produzir as imagens de Memória do Filme, série que dá nome à exposição hoje em cartaz na galeria cAsA, em Belo Horizonte, Eustáquio Neves utilizou um tempo dilatado durante a exposição do filme, pensando nas cenas dos filmes de Tarkovsky e nos cenários das cidades invisíveis do Ítalo Calvino.
“Acho que é muita bagunça pra cabeça, mas é assim que eu lido com imagem “, ele me diz.
“Desde sempre, acho que posso dizer, sinto uma certa liberdade de lidar com a fotografia e com as artes visuais de uma maneira não ortodoxa, para não dizer profana, aos olhos dos mais conservadores na fotografia”.
Sim. E isso é algo que pode ser constatado nessa mostra, pois ela reúne, além de “Memória do Filme” (2018), outros trabalhos como “Futebol” (1997-98), “Objetização do corpo” (1999), “Máscara de punição” (2004) e “Dead horse” (2008).
Eustáquio explica que, ali reunidas, essas memórias estando lado a lado, não evocam nostalgia e sim um amadurecimento, e mostram a forma de como ele lida com a imagem.
“A retrospectiva faz sentido porque aqui, nessa série nova, aparentemente ela tem um resultado quase naif”, diz. “Acho que isso é resultado de um amadurecimento. Já era tempo né?, rs”, ele brinca, em uma dessas trocas rápidas de e-mails e mensagens que me alegram sempre e tanto.
Eder Chiodetto escreveu um texto lindo sobre a série, finalizando assim:
“Memórias são estilhaços que a fotografia tenta em vão restaurar, enquanto o artista sorrateiramente escreve poemas visuais reunindo acasos, desassossegos e os desvãos da matéria orgânica e fotográfica que habita seu território especular.”
Leia a íntegra do texto de Eder Chiodetto aqui
Veja galeria de fotos de Memória do Filme aqui
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Cassiano Viana (@vianacassiano) é editor do site About Light
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