A primeira impressão que temos ao ver as fotos de Bel é uma sensação de intimidade. Olhar os corpos apresentados ali é como saudar a alguém por quem passamos na rua de casa todos os dias, uma pessoa que conhecemos de algum lugar, não sabemos bem daonde, nem o nome. Mas o reconhecimento faz-se presente. X outrx é também espelho.
As paisagens construídas por Bel, sejam dentro ou fora de casas, revelam sempre um adentrar. A gota prestes a pingar, o lábio mudo pós dizer, um olhar depois de rever, a calcinha quase seca dependurada na pia do banheiro, a tinta quase seca no rosto da moça na manifestação. Amor e revolução. Asfalto, cama, mesa, banho e chão.
O universo de Bel tem força poética. Janela adentro, cheiro de café coado em pano, resto de beijo e vinho na boca. Janela afora, sombra e luz, desejo e arrebentação, corpo em máxima potência de ser.
Bel faz de cada pessoa especial, pois que é. Bel é flor que se cheire. É promessa de colheita pros olhos, sabor de fruta fresca do pé. Fruto doce e suculento, com leve acidez juvenil. Porto e pouso. O olhar de Bel captura e nos atravessa.
A força da beleza transborda.
/ Transbordamentos íntimos: um olhar sobre o olhar de Bel, por Aline Miranda
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Aline Miranda (@outrasbagatelas) é poeta virginiana com ascendente em revisora capricorniana, lua em feminista aquariana e vênus em sapatão libriana. Tem 33 anos e está escrevendo seu primeiro livro.